domingo, 24 de agosto de 2008
Vida franzina
Assim como Cabral de Melo Neto
e sua vida severina
Eu, filha mulher e amiga
e minha vida tão franzina
Assim como Cabral descobriu no seu relógio
o pássaro operário
Eu, na minha vida de estudante
descobri um mundo errante
Mas a gente segue o labirinto
Onde há tantos outros pássaros sem canto
De tudo, a única certeza que temos
é a cruz no fim do túnel,
do túmulo.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Homem casado
Um dia vão
Outra rotina chata
E ele chegou de supetão
Brilhou, mas seu encanto
tardiamente chegou
pois cedo demais descobri
que este homem não sobrou
Outra rotina chata
E ele chegou de supetão
Brilhou, mas seu encanto
tardiamente chegou
pois cedo demais descobri
que este homem não sobrou
Meninas
Prostituta
que seduz sem se esforçar
e sofre de anonimato
nela há muito o que se encontrar
pois se fecha quando abrem suas pernas
os homens pensam que as ferem
pior são eles, que precisam até pagar
Meninas há muito mulheres
suas graças de graça
lançou ao vento
os mágicos da infância
Outras mulheres
meninas tão bem casadas
zombam das putas
Pobres separadas!
mulheres casadas
no seu doce castigo
mal se dão conta
que são elas as desempregadas.
que seduz sem se esforçar
e sofre de anonimato
nela há muito o que se encontrar
pois se fecha quando abrem suas pernas
os homens pensam que as ferem
pior são eles, que precisam até pagar
Meninas há muito mulheres
suas graças de graça
lançou ao vento
os mágicos da infância
Outras mulheres
meninas tão bem casadas
zombam das putas
Pobres separadas!
mulheres casadas
no seu doce castigo
mal se dão conta
que são elas as desempregadas.
Indecisão
Não sei se vou ou se fico
Não sei se calo ou se falo
Não sei se beijo ou se espero
Não sei se sigo ou me viro
Não sei se olho ou se ignoro
Não sei se me rendo ou me demito
Não sei se me jogo ou me fixo
Não sei se me conformo ou enlouqueço
Só sei que não quero o que todo mundo quer
E quero ter tudo que ninguém tem
Quero aplaudir o que ninguém vê
Quero sufocar quando todos estão livres
Quero desconstruir para poder criar e criar para desconstruir.
Não sei se calo ou se falo
Não sei se beijo ou se espero
Não sei se sigo ou me viro
Não sei se olho ou se ignoro
Não sei se me rendo ou me demito
Não sei se me jogo ou me fixo
Não sei se me conformo ou enlouqueço
Só sei que não quero o que todo mundo quer
E quero ter tudo que ninguém tem
Quero aplaudir o que ninguém vê
Quero sufocar quando todos estão livres
Quero desconstruir para poder criar e criar para desconstruir.
Inveja
Eu tenho os pés no chão
e ela sempre a derivar
Meu passo é curto
o dela não é passo - é ondular
Eu desejo liberdade
E ela? Não há como prender
Eu tenho a terra firme
ela tem o imenso mar
Minha vida é estável
A dela calmaria e tempestade
Eu me perco nos seus beijos
Onda, não me expulse do teu mar!
e ela sempre a derivar
Meu passo é curto
o dela não é passo - é ondular
Eu desejo liberdade
E ela? Não há como prender
Eu tenho a terra firme
ela tem o imenso mar
Minha vida é estável
A dela calmaria e tempestade
Eu me perco nos seus beijos
Onda, não me expulse do teu mar!
domingo, 17 de agosto de 2008
Elogio a engenharia
Engenharia
Barbearia
Bárbaro
Engenhoso
Então porque engenheiro ganha mais que barbeiro?
Barbearia
Bárbaro
Engenhoso
Então porque engenheiro ganha mais que barbeiro?
Ansiedade
Dor, pensamento e silêncio
Quieta no meu canto
Lembro de momentos
Que nunca aconteceram
Dor, lembrança e silêncio
Quieta no meu canto
Quero voltar a momentos
Que nunca mais repetirão
Dor, pesadelo e silêncio
Quieta no meu canto
Quero viver momentos
Que sonhos impediram
Dor, sonhos e violência
Agitada no meu canto
Quero viver todos os momentos
que espero, ainda virão.
Quieta no meu canto
Lembro de momentos
Que nunca aconteceram
Dor, lembrança e silêncio
Quieta no meu canto
Quero voltar a momentos
Que nunca mais repetirão
Dor, pesadelo e silêncio
Quieta no meu canto
Quero viver momentos
Que sonhos impediram
Dor, sonhos e violência
Agitada no meu canto
Quero viver todos os momentos
que espero, ainda virão.
Confusão mental
Quero ser alguém
mas alguém não é ninguém
não quero ser niguém
mas ninguém também inclue eu
E agora, quem sou eu?
mas alguém não é ninguém
não quero ser niguém
mas ninguém também inclue eu
E agora, quem sou eu?
Egoísmo
A lágrima é o derretimento do ódio
O sorriso é a máscara da falsidade
Com dores, choramos
Com alegrias, sorrimos
Eis aí, o nosso egoísmo.
O sorriso é a máscara da falsidade
Com dores, choramos
Com alegrias, sorrimos
Eis aí, o nosso egoísmo.
Entumescimento
O calor que sobe
Superfície que esquenta e
enrijece aquilo que
firma-se com uma sutil dureza,
eleva-se contra a gravidade,
ansia por expandir-se
É este, sim,
O seio da mulher!
Superfície que esquenta e
enrijece aquilo que
firma-se com uma sutil dureza,
eleva-se contra a gravidade,
ansia por expandir-se
É este, sim,
O seio da mulher!
As mulheres e a história
Mulheres,
Negras tingem o cabelo de loiro,
Brancas bronzeiam-se artificialmente,
Gordas querem ser magras,
Magras viram anoréxicas,
Orientais ocidentalizam os olhos,
Ocidentais se enchem de silicone,
Amantes querem ser esposas,
Esposas querem ser amantes.
Enquanto isso, os homens
fazem guerras,
ganham dinheiro,
contrõem impérios,
escrevem teorias,
pintam quadros,
fazem história,
nos beijam
e riem da nossa cara.
Negras tingem o cabelo de loiro,
Brancas bronzeiam-se artificialmente,
Gordas querem ser magras,
Magras viram anoréxicas,
Orientais ocidentalizam os olhos,
Ocidentais se enchem de silicone,
Amantes querem ser esposas,
Esposas querem ser amantes.
Enquanto isso, os homens
fazem guerras,
ganham dinheiro,
contrõem impérios,
escrevem teorias,
pintam quadros,
fazem história,
nos beijam
e riem da nossa cara.
Esquecidos
Seduzida fico quando rejeitada sou
Desinibida fico quando outro inibo
Forte-fico perante o enfraquecido
Mas não perante o fraco esquecido
Pois é o esquecido que forte-fica!
Desinibida fico quando outro inibo
Forte-fico perante o enfraquecido
Mas não perante o fraco esquecido
Pois é o esquecido que forte-fica!
Água com açúcar
Me distraio quando tu me olhas
Te espreito quando não me olhas
Mas se em seguida não me olhares
Desesperados meus olhos suplicam pelo teu,
simples olhar!
Te espreito quando não me olhas
Mas se em seguida não me olhares
Desesperados meus olhos suplicam pelo teu,
simples olhar!
Verbos
Nascer
chorar
mamar e brincar
Estudar
beber
comer e trabalhar
Casar comprar e educar
(talvez trair e separar)
Aposentar
adoecer
morrer.
E viver? Putz, esqueci!
chorar
mamar e brincar
Estudar
beber
comer e trabalhar
Casar comprar e educar
(talvez trair e separar)
Aposentar
adoecer
morrer.
E viver? Putz, esqueci!
Pêlos e Cabelos
Pêlos e cabelos,
Dependentes e rejeitados,
Cultivados e cuspidos,
Ornados e despidos,
Sujos e lambidos
Pêlos e cabelos,
Iguais em composição e textura
Separados pela ideologia
Unidos no ralo do banheiro.
Dependentes e rejeitados,
Cultivados e cuspidos,
Ornados e despidos,
Sujos e lambidos
Pêlos e cabelos,
Iguais em composição e textura
Separados pela ideologia
Unidos no ralo do banheiro.
Pus e Sangue
Carne desejada mas não consumida,
Desejo quieto e calado que escapa num gemido,
Dor prazerosa, misturando o sangue e o pus,
Sangue, sublime líquido do amor,
Pus, espasmo fétido do orgasmo.
Desejo quieto e calado que escapa num gemido,
Dor prazerosa, misturando o sangue e o pus,
Sangue, sublime líquido do amor,
Pus, espasmo fétido do orgasmo.
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